sexta-feira, 6 de fevereiro de 2015

The Legend of Zelda: A Link Between Worlds

 Em Novembro de 2013 a Nintendo 3DS teve direito ao seu primeiro jogo da série Zelda feito originalmente para a mesma. The Legend of Zelda: A Link Between Worlds é uma sequela de A Link to the Past da mesma série. Nesta nova entrada o reino de Hyrule vê-se novamente ameaçado por um vilão que pretende acordar o poder de Ganon recorrendo à triforce. Como tal, Link vê-se novamente obrigado a cumprir a profecia e salvar o reino.
 Em primeiro lugar, o jogo destaca-se logo pela sua magnífica componente gráfica. Desde os primeiros minutos que se nota que o joga utiliza a 100% o hardware da 3DS. Os cenários estão magníficos com um estilo artístico único que consegue alcançar um equilíbrio entre o cartoon e o real soberbo. É possível notar imensos pormenores visuais que são de uma qualidade técnica sem igual. Na verdade, o jogo obriga-nos a explorar todos os cantos do mapa e dá um prazer enorme correr o mapa de uma ponta à outra só para ver como os cenários se interligam. A palete de cores vivas contribui imenso para a nossa imersão no universo do jogo. Para além disso, a palete de cores vivas opõem aos tons de cinzento entre os quais estamos sempre a trocar dando uma sensação visual espectacular. Apesar desta qualidade visual o jogo tenha uma fluidez sem falhas sendo que não se encontra uma única quebra de frame durante todo o jogo. Por outro lado, as masmorras também não se ficam atrás neste deslumbre gráfico visto que são muito variadas e cada uma é única.
 Adicionalmente, à qualidade gráfica junta-se ainda a banda sonora para dar uma experiência de emersão divinal. Embora a banda sonora não seja perfeita, uma vez que alterna entre músicas excelentes e verdadeiras obras-primas, acaba por estar muito bem integrada no jogo e consegue adaptar-se aos vários momentos do jogo. Para cada área visualmente incrível o jogo tem um melodia igualmente boa a acompanhar. Na verdade, depois de terminarmos o jogo existem algumas músicas que vão ficar na memória durante muito tempo.
 Porém, o jogo não tem apenas pontos excelentes e uma das características menos boa é sem duvida a jogabilidade. Ao longo de toda a aventura vamos sendo obrigados a recorrer a diversos objectos para conseguir completar as masmorras. Esta diversidade é um ponto forte do jogo sendo que permite que cada masmorra tenha puzzles únicos e que exijam uma aproximação completamente diferente. Para além dos diferentes objectos o jogo recorre ainda a outras mecânicas para variar os puzzles. Ainda assim, existe uma mecânica que é comum a todos os desafios: o uso do mundo 2D entrando nas paredes. Esta mecânica é usada ao longo de todo e é necessária para completar um grande número de quebra-cabeças. Ao início esta revela-se uma aproximação arrojada e inovadora cedo se mostra muito repetitiva e pouco imaginativa dando ao jogador a sensação de estar a resolver o mesmo puzzle vezes e vezes sem conta. O grande foco do jogo acaba por se tornar uma das piores características do mesmo. Também a facilidade dos puzzles se revela um dos grandes constrangimentos do jogo. Isto revela-se sobretudo nos momentos em que se passa uma masmorra inteira sem sequer se parar para pensar uma única vez. Isto arruína um pouco a experiência de jogo tirando a sensação de satisfação por se conseguir resolver um puzzle ao fim de 30 minutos. Outro pequeno problema é o facto de se poder escolher a ordem pelas quais se vai percorrer as masmorras. Uma má escolha na ordem pode implicar um aumento significativo nas batalhas com os bosses e com os monstros durante o percurso.
 Por fim, de destacar o facto de a história não decepcionar e apesar de andar sempre a meio gás durante todo o jogo acaba com um final interessante e original. A longevidade do jogo está também dentro das expectativas sendo possível concluir a história principal em cerca de 15 horas. A estas 15 horas acrescenta-se ainda imensos objectos para coleccionar e desafios para cumprir. No final do jogo acrescenta-se ainda o Hero Mode.
 Resumindo, The Legend of Zelda: A Link Between Worlds destaca-se sobretudo nas componentes gráfica e sonora estando estas a um nível perfeito. Contudo, essa perfeição é arruinada por algumas imperfeições na jogabilidade que é o ponto principal do jogo. Mesmo assim o jogo não deixa estar ao nível dos restantes jogos da série e é sem duvida um dos melhores jogos da consola.

10 Questões sobre a recuperação

 Depois do lançamento de "10 Questões sobre a crise", João César das Neves publica o seu sucessor editado novamente pela Don Quixote. Neste segundo livro, César das Neves foca-se sobretudo nas principais questões para a resolução desta crise. O livro, apesar de ter ser publicado já em 2013 foi escrito pouco tempo depois da chegada da troika a Portugal.
 Em primeiro lugar, o autor começa por fazer uma pequena introdução ao livro respondendo à questão "Quem tem culpa disto?". Esta primeira parte tem a grande vantagem de demonstrar os principais pontos sobre os quais autor se vai debruçar: desconstruir preconceitos e mitos da sociedade portuguesa. Para além disso, Esta primeira parte mostra também onde estão os principais problemas da economia portuguesa sendo este um ponto fundamental a ser reconhecido para se proceder à discussão sobre como sair de crise. De facto, o livro prima sobretudo por esta desconstrução de ideias preconcebidas recorrendo sobretudo a dados de diversas entidades. Desta forma, o autor deixa patente que o problema da crise não está apenas no estado mas sim em todos os agentes económicos desde as empresas aos particulares.
 Após uma primeira introdução o autor começa a analisar diversos caminhos para resolver a crise. Esta a sem duvida uma das partes mais controversas do livro uma vez que se resume a rebater ideologias, sobretudo de esquerda como a saída do euro, com poucos dados e baseando-se muito em opinião pessoal. Contudo, a abordagem a estes problemas é deveras essencial para o desenvolvimento do livro uma vez que o mesmo não podia ser construído sem tocar nestas questões. É também nesta secção que o autor mais deixa transparecer a sua ideologia. Estas refutações dão o mote para o autor desvendar alguns dos grandes problemas não só da economia portuguesa como da sociedade. Uma vez que refuta as teorias mais extremas este fica limitado a opções mais moderadas. Como tal, acaba por delinear uma trajectória que passa sobretudo pela redução da intervenção do estado não só na economia como na sociedade em geral.
 Na verdade, esta ideia deve-se à constatação de que o Estado português possui um grande peso na sociedade. Este peso sente-se na economia sobre a forma de subsídios (tanto às empresas como às pessoas), lobbys, leis que regulamentam a produção, extensão da constituição e excesso de leis. Durante esta 2ª parte o autor dá diversas sugestões para resolver os principais problemas da nossa sociedade.
 Por fim, o autor olha para o futuro não só de Portugal como de toda a Europa e de todo o mundo. Embora seja uma construção bastante curta o autor revela-se muito optimista quanto ao futuro e olha para o mesmo não como o fim do mundo mas algo com os mesmos desafios pelos quais o país já passou.
 Em resumo, o livro "10 questões sobre a recuperação" tem o grande mérito de tocar em todos os principais problemas do país e aqueles sobre os quais o debate político se deve focar. Consegue refutar muitas das ideias sem fundamento que assombram o país. Para além disso, o autor consegue na maior parte das vezes sustentar todas as suas ideias com recurso a diversos dados mesmo que não se concorde com os mesmos. 8/10

segunda-feira, 2 de fevereiro de 2015

Oskar Hansen: Forma aberta

 Com vista a homenagear o arquitecto e urbanista polaco Oskar Hansen (1922-2005), a Fundação Serralves criou a exposição homónima focada na sua teoria revolucionária. Num período ainda fortemente marcado pela arquitectura moderna. Hansen desafiou assim as teorias em vigor com uma forma arquitectónica que se foca sobretudo na exposição da diversidade das atividades e dos indivíduos.
 A exposição começa com alguns dos instrumentos pedagógicos que Hansen usava para ensinar os seus alunos. O facto de ser permitido que o visitante interaja com estes objectos torna esta parte bastantes interessante. Somos ainda confrontados com imagens da sua casa na Polónia que conseguem dar uma boa noção dos seus pormenores. Na passagem para a segunda sala está presente um dos objectos artísticos, criados por Hansen, acompanhado de uma foto da exposição para a qual foi criado. Este acaba por destoar um pouco do resto da exposição.
 Seguidamente, encontram-se presentes alguns dos projectos de Hansen acompanhados das respectivas maquetes. Destaca-se sobretudo o projecto de um estúdio para uma rádio polaca devido a se encontrar presente um filme que mostra o projecto já terminado.
 Por último, entramos na última sala onde encontramos algumas pinturas de Hansen, uma maquete de um bairro e as plantas e esboços de outro bairro. As pinturas, apesar de não impressionarem, são uma boa opção uma vez que nos dão a conhecer um pouco mais da personalidade de Hansen. A maquete tem um tamanho considerável e ajuda-nos a entender um pouco a visão de Hansen caracterizada pela organização em blocos e pelo espaçamento entre as casas. As últimas peças são algumas plantas de bairros candidatas a projectos. Estes são as peças que mais se destacam de toda a exposição tendo a seu favor a sua magnífica qualidade  e a visão rara do próprio artista.
 Em suma, "Oskar Hansen: Forma Aberta" não é uma exposição sobre as obras de Oskar Hansen mas sim uma exposição à cerca da personalidade do artista. Como tal, acaba por se uma exposição bem diversificada e que revela de diferentes perspectivas o arquitecto. 7/10

domingo, 1 de fevereiro de 2015

O processo SAAL: Arquitetura e participação

 Encontrou-se em exibição até ao dia 1 de Fevereiro a primeira exposição dedicada ao SAAl, serviço de apoio ambulatório local, no Museu de Arte Contemporânea de Serralves. A exposição tem como objectivo dar a conhecer o projecto SAAL. Este foi um projecto urbanístico cujo o objectivo foi reabilitar diversos bairros de Norte a Sul do país no período de 1974-1976.
 O projecto SAAL nasceu de uma das maiores necessidades sentidas após a instauração da democracia: a habitação. Estimava-se que seriam necessárias cerca de 500 mil habitações para fazer face às necessidades da população. Foi aqui que o SAAL teve origem. Através de vários arquitectos, o SAAL tentou responder às necessidades de imensos bairros em diversas localizações como Setúbal, Porto, Lagos e Lisboa. Apesar da sua enorme ambição (e custos associados) o projecto ficou-se pelo espantoso número de 3 mil casas construídas/reabilitadas.  Este projecto foi pioneiro na Europa e marcou-se pela sua proximidade com a população e com as necessidades da mesma.
 Primeiramente, a exposição leva-nos por alguns dos bairros visados no projecto, sendo que alguns destes casos não saíram do papel. Todos estes exemplos são acompanhados por maquetes e por plantas dos bairros/habitações e nos casos em que foram concluídos encontram-se expostas fotografias actuais dos mesmos. Alguns dos exemplos estão expostos com grande qualidade sendo muito interessante ver as diversas maquetes e plantas de lugares que nos são familiares. A presença das fotos actuais revela-se um grande ponto positivo sendo que permite que o visitante tenha uma ideia do estado destes projectos actualmente. Não existe uma grande discrepância entre a qualidade dos exemplos sendo que as maquetes e as fotografias se destacam. Algumas planta acabam por não ter tanto interesse, sobretudo as que se focam nas plantas das casas, uma vez que têm inerente um carácter mais técnico. As plantas dos bairros em geral acabam por ser um pouco mais interessantes.
 Em seguida, são exibidas alguns documentos "aleatórios" desde ordens de despejo, até despachos assinados, passando por notícias sobre o projecto e até mesmo alguns esboços. É nesta parte que temos também presente a cronologia do projecto. Os objectos expostos acabam por oscilar entre o "pouco interessante" e o "nada interessante". Por sua vez, a cronologia acaba por ser bastante extensa, apesar do projecto ter estado apenas dois anos em actividade, o que a torna bastante monótona sendo apenas possível absorver alguns factos da mesma. Um grande ponto positivo da mesma é o intercalar de alguns acontecimentos históricos (por exemplo eleições) para situar o visitante. Um pormenor interessante desta sala é a presença do nome de todos os arquitectos que participaram no projecto.
 Por fim, a última sala da exposição é composta por alguns cartazes de manifestação e por uma maquete da cidade do porto com a localização de todas as áreas que foram intervencionadas pelo SAAL. Os cartazes vão desde apelos à necessidade de habitação, até protestos com o fim do SAAL. Esta acaba por ser uma excelente forma de terminar a exposição sendo que os cartazes revelam a principal preocupação da população e o desagrado com o término de um programa que poderia ser a solução. Por sua vezes, a maquete da cidade é das melhores características da exposição uma vez que permite ter noção da grande ambição do projecto e revela de facto por que motivo o mesmo foi pioneiro na Europa. Uma vez que seria impossível a escolha de uma maquete do país inteiro, a cidade do Porto termina a exposição de forma muito interessante.
 Em suma, a iniciativa de Serralves tem como prioridade dar a conhecer um projecto, que apesar de ter ficado aquém do esperado, teve um grande impacto na melhoria das condições de vida da população. Embora a exposição tenha uma primeira sala muito boa e uma terceira excelente acaba pro pecar na segunda devido ao conteúdo não tão interessante. 8/10

sábado, 31 de janeiro de 2015

Birdman

 O último filme do realizador Alejandro Iñárritu é Birdman, uma comédia negra que retrata a história do actor Riggan cuja carreira se encontra nas ruas da amargura. Para recuperar o sucesso de outros tempos, Riggan investe todo o seu dinheiro numa peça a estrear na Broadway. O filme acompanha as complicações nas vésperas da estreia da peça enquanto este tenta salvar a sua relação com a filha.
 Desde o inicio que o filme se assume como algo leve cuja pretensão não é ser levado a sério. As diversas cenas cómicas sofisticadas sem nunca entrar em excessos são a maior qualidade do filme. O filme consegue provocar diversas gargalhadas sem nunca entrar num humor "fácil". Algo notável é facto de este humor se manter presente ao longo de todo o filme sem nunca perder qualidade. As diversas referências à realidade, como a actores e outras celebridades, tornam o filme ainda mais real e ajudam a convencer os espectadores a deixar-se entregar ao mundo de Birdman. Contudo, esta qualidade tende a virar-se contra o próprio filme uma vez que situações que requeriam mais seriedade para melhorar sobretudo as relações entre personagens acabam por ser demasiado marcadas pelo humor. Mesmo assim, o filme consegue-nos entregar personagens bem estruturadas e, tendo em conta o elevado número de personagens, bastante diversificadas. Esta diversidade ajuda sobretudo a enquadrar as diversas personagens em vários estereótipos de actores. Mesmo assim, apesar de estarem bem estruturadas não são as personagens mais bem caracterizadas de Iñárritu ficando no ar alguma falta de profundidade sobretudo devido à escassa relação entre as mesmas. As únicas que escapam a esta falta de ligação são Riggan e a própria filha que, longe da perfeição, acabam por conseguir alcançar uma relação pai-filha bastante natural.
 Adicionalmente, outro grande ponto forte a favor do filme é o elenco. Embora não haja uma interpretação perfeita por parte de Michael Keaton, o elenco brilha sobretudo devido ao equilíbrio entre os diversos actores. Facilmente encontramos um elevado número de actores secundários que cuja actuação brilha desde Emma Stone até Edward Norton  passando por Naomi Watts. Todos estes actores conseguem acompanhar de forma exímia Michael Keaton chegando mesmo a alcançar uma melhor qualidade em alguns momentos.
 Naturalmente que as qualidades de Birdman não se ficam por aqui. A montagem do filme é outro dos aspectos positivos do filme. A sequência de imagens está muito bem estruturada dando outra vida ao filme. Toda a agitação que se encontra sempre presente durante o filme ajuda a manter presente o stress da estreia e de todo o trabalho por de trás da mesma. Outro grande pormenor são os planos constantes da deambulação das personagens pelos bastidores da Broadway. Por fim, destaque ainda para a banda sonora que apesar de pouco variada e bastante simples consegue adaptar-se a todos os momentos possíveis. Mesmo não sendo algo memorável consegue cumprir a sua função.
 Resumindo, Birdman é uma comédia com excelente qualidade e que nunca esquece o que pretende ser: um filme leve e bem disposto. Tem algumas falhas sobretudo a nível do relacionamento entre as personagens mas não deixa de ser um dos melhores filmes do ano e que mostra novamente a qualidade de Iñárritu. 9/10

quinta-feira, 29 de janeiro de 2015

Whiplash

 Uma das surpresas na nomeação para os oscares foi sem duvida Whiplash o filme de Damien Chazelle e protagonizado por Miles Teller e J.K. Simons. O filme é passado em torno de Andrew e do seu sonho em vir a ser o melhor baterista de jazz de sempre. Para tal, ele encontra-se no primeiro ano de uma das mais prestigiadas escolas de música do país.
 No que toca ao enredo, não existem grandes pretensões sendo este bastante simples sem grandes complicações ou desenvolvimentos. Limita-se apenas a revelar a história de um miúdo que tem um sonho como muitos outros. O que torna o filme em algo especial é o que este adolescente está disposto a fazer para ser tornar o melhor do mundo. Torna-se claro logo no início do filme que além do imenso trabalho árduo a que se submete abdicou também de todas as relações pessoais e familiares com a excepção do pai. Andrew torna-se assim no verdadeiro exemplo de que uma estrela não se forma apenas com talento mas sim com imensos sacrifícios. Sacrifícios esses que muitos não estão dispostos a abdicar. O esforço da personagem é evidente ao longo de todo o filme desde as inúmeras horas que passa a treinar até ao dureza das mesmas sessões. Contudo, apesar de a dureza deste caminho estar bem explícito durante todo o filme, as reacções emocionais são praticamente inexistentes. Durante o filme temos poucas oportunidades para ver o sofrimento da personagem sendo este muito escondido durante todo o filme. Isto nota-se sobretudo no sentimento de felicidade que, de forma moderada, ao ser escondido mostra um contínuo desejo em alcançar mais mas que levado ao extremo torna-o em alguém que nunca está satisfeito e acaba por tornar a personagem um pouco "plástica". A excepção vai para o sentimento de raiva que se encontra muito presente durante todo o filme. A personagem secundária Fletcher revelou-se mais humana e consegue camuflar um pouco as falhas de Andrew
 Por outro lado, as actuações são também outro aspecto que fica um pouco aquém das expectativas. Para actor secundário J.K. Simons tem uma prestação muito boa que lhe é capaz de valer o oscar mas não vai além disso. Não é uma actuação que fique marcada na memória. Quanto a Miles Teller, a sua ausência nas nomeações para melhor actor mostra e bem a sua actuação algo decepcionante. Embora tenha os seus pontos altos durante o filme o actor acaba por não estar ao nível da personagem e nos momentos em que não está furioso ou empenhado mostrar as suas limitações revelando pouca qualidade. O facto de a personagem ter uma certa ausência de sentimentos não o ajuda.
 Desta forma, o ponto que mais se destaca é sem duvida a banda sonora não fosse este um filme de Jazz. O jazz é um elemento sempre presente durante todo o filme e muito graças à banda sonora. Esta tem um papel fundamental em manter o excelente ambiente que se vive em todo o filme. A realização não contribui tanto para este sentimento sendo que acaba por se focar mais na personagem principal e nas suas dificuldades. O grande aspecto da mesma vai para as cenas da bateria em que o realizador consegue captar a 100% o esforço físico e mental e toda a concentração necessária para se chegar ao mais alto nível. Estas cenas estão tão bem produzidas que o espectador facilmente se encontra a transpor do jazz para outra qualquer actividade.
 Em suma, Whiplash consegue cumprir a sua função, mostra que para se ser o melhor dos melhores não basta dedicação, é também preciso sacrifícios. Apesar disso, o filme acaba por ter algumas falhas que mancham o filme nos momentos em que Andrew não está a fazer o que mais gosta. 8/10

segunda-feira, 26 de janeiro de 2015

O jogo da Imitação

 Um dos primeiros filmes a chegar às salas de cinema em 2015 é "The imitation Game". O filme leva-nos até à II guerra mundial onde encontramos Alan Turing, um dos melhores matemáticos do Reino Unido. Este é contratado pelo governo inglês para decifrar o "Enigma", o código usado pelos Alemães para trocarem mensagens entre si.
 A história do filme limita-se a acompanhar a vida Turing enquanto este tenta inventar uma máquina que consiga descodificar as mensagens dos alemães cada dia. Durante a mesma, vemos um jovem cientista com dificuldades em socializar a ter que aprender a confiar na ajuda dos colegas para decifrar algo impossível. Para além disso, tem também que lutar contra o facto de ninguém acreditar que ele seja capaz de tal proeza. A história apesar de simples é competente e consegue levar-nos pelo íntimo de uma mente brilhante mas não vai muito além disso. Por outro lado, a história estar narrada de uma maneira que permite que os problemas de Turing assumam o papel principal do filme de forma a que o espectador se concentre apenas nestes. Para além dos problemas que este atravessa para construir a sua máquina, Turing tem também que enfrentar o facto de ser gay numa época em que tal era considerado atentado ao pudor. Esta combinação de desafios  tanto de uma perspectiva académica como de uma perspectiva pessoal tornam a personagem magnífica com tanto de excelência como de imperfeição. As memórias de Turing vêm ainda melhorar a personagem dando a perceber o porquê dos comportamentos e dos seus pensamentos. A acrescentar a esta excelente caracterização está uma igualmente perfeita actuação de Benedict Cumberbatch. O ator consegue interpretar a personagem de forma perfeita em todos os momentos do filme reproduzindo todos os seus sentimentos de forma magistral.
 Contudo, Cumberbatch acaba por assombrar os atores secundários tendo em conta que a sua atuação se destaca por completo do resto do elenco. Enquanto Cumberbatch brilha os atores secundários tentam acompanhá-lo mas acabam por ter interpretações muito aquém. Do elenco secundário é Keira Knigthley quem mais se destaca tendo uma participação com uma boa qualidade.
 Por fim, o realizador exibe um excelente trabalho em conseguir captar todo o carisma de Turing sendo que longe da perfeição merece destaque. O principal defeito é o facto de em plena II guerra (e do enredo estar directamente relacionado com a mesma) esta acaba por não se encontrar muito presente na vida das pessoas.Algo que os ocasionais planos de bombardeamentos não disfarçam. A banda sonora é outro aspecto positivo do filme estando muito bem escolhida e composta.
 Em suma, O filme acaba por viver apenas de Cumberbatch e da sua personagem sendo que que as restantes características embora tenham qualidade não estão ao nível dos mesmos. 9/10